Gênesis 37.18-36; 39.20; 40.23
Introdução
Provações, aflições, sofrimentos e tribulações, tudo faz parte da
adversidade.
O "Aurélio" define a adversidade como
"contrariedade, infortúnio, aborrecimento, revés, calamidade".
Ninguém está imune! O que Jesus prometeu a seus seguidores foi: No mundo
passais por aflições… (João 16.33)
Não se engane! Esteja absolutamente certo de que durante a vida terrena,
passará por tribulações, de uma forma ou de outra.
É muito
interessante e instrutivo notar que quando Paulo e Barnabé voltaram de Listra,
Icônio e Antioquia, o objetivo deles era continuar o ministério de discipulado.
As Escrituras registram que estavam …fortalecendo as almas dos discípulos,
exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas
tribulações, nos importa entrar no reino de Deus”. (Atos 14.22).
José, homem religioso que era, certamente teve a sua quota de
provocações.
Foi mal entendido pelos irmãos e até pelo próprio pai. Entre outras
coisas, foi vendido como escravo, foi forçado a aprender uma nova língua e
cultura, acusado de tentativa de estupro e, finalmente, levado à prisão. Vamos
olhar mais de perto alguns infortúnios pelos quais passou.
1. CONSIDERANDO AS ADVERSIDADES DA
VIDA
Observe quantas adversidades José enfrentou:
1.1. Rejeição. De longe o viram e, antes que chegasse, conspiraram
contra ele para o matar (Gn 37.18). Já é suficientemente ruim ser mal
interpretado, mas quando se é completamente rejeitado sem chance de
reconciliação, a dor é profunda demais para ser verbalizada! José foi mandado
pelo pai a Siquém para ver como estavam seus irmãos. Descobriu que na verdade
se encontravam em Dota, mais de 25 milhas ao norte. Quando o viram chegando
decidiram matá-lo.
1.2. Ridiculização.
E diziam um ao outro: Vem lá o tal
sonhador! (Gn 37.19) Rejeição é algo difícil de superar, mas ser constantemente
ridicularizado é ainda mais doloroso. As palavras cortam, ferem e machucam
profundamente! A sentença dos irmãos de José: "Vem lá o tal
sonhador!…", era uma forma de perseguição. Ridicularizavam-no e davam-lhe
apelidos.
1.3. Injúria.
Despiram-no da túnica,… E tomando-o, o lançaram na
cisterna… (Gn" 37.23-24) A injúria física é um problema crescente em nossa
sociedade. José passou por essa experiência. Seus irmãos foram hostis ao lhe
arrancarem a túnica. A palavra "despir", é agressiva neste contexto.
O ódio por José cresceu a uma intensidade violenta. Era a chance que tinham de
avaliar a animosidade reprimida. A túnica tornou-se objeto de especial aversão.
Eles a rasgaram violentamente.
1.4. Confinamento.
E, tomando-o, o lançaram na cisterna…
o tomou e o lançou no cárcere… (Gn 37.24; 39.20).
José também passou por essa experiência. Foi lançado em um poço e preso
ali sem escolha ou erro de sua parte. Mais tarde, seu patrão o colocou na
prisão onde prisioneiros do rei ficavam encarcerados. Não foi posto no poço ou
na cadeia devido a algum pecado, mas sim por resultado de circunstâncias muito
injustas e totalmente fora de controle.
1.5. Tentação.
A mulher de seu senhor, pôs os olhos em José e lhe
disse: Deita-te comigo …Falando ela a José todos os dias (Gn 39.7-10).
Uma coisa é procurarmos a tentação, outra é sermos procurado por ela! A
aflição de um jovem ao ser seduzido, como dizem as Escrituras, "todos os
dias" por uma mulher, é uma forma poderosa de exibir o melhor de nós, mas
que Satanás usa para expor o pior. O diabo conhece nossos pontos fracos e procura
explorá-los. Ele é implacável, "todos os dias".
1.6. Calúnia.
Vendo ela que fugira para fora, mas havia deixado
as vestes nas mãos dela, chamou pelos homens de sua casa, e lhes disse: Vede,
trouxe-nos meu marido este hebreu para insultar-nos; veio até mim para se
deitar comigo; mas eu gritei em alta voz (Gn 39.14).
O copeiro-chefe, todavia não se lembrou de José, porém dele se esqueceu
(Gn 40.14, 15e23).
José também passou por essa experiência ao ser lançado na prisão por
Potifar e ali abandonado. No mesmo cárcere foram colocados o copeiro e o
padeiro do rei do Egito. Enquanto estavam presos com José, ambos tiveram um
sonho. Ao vê-los tristes por serem incapazes de compreenderem o significado,
José pediu-lhes que relatassem os sonhos e ofereceu- se para interpretá-los.
Para o copeiro, a explicação foi favorável. Seria reconduzindo, em três
dias, à posição de copeiro-chefe de Faraó. Quando o sonho se realizou de acordo
com sua interpretação, José ficou esperançoso com a possibilidade do copeiro
interceder a seu favor, como prometera. Esperava ansioso por sua libertação.
Finalmente viu uma luz no final do túnel. Era o farol de um trem! Depois
do copeiro ser reabilitado, esqueceu-se inteiramente de José. Este passou mais
dois anos encarcerado! Todos conhecemos o desapontamento de algumas horas de
atraso, mas dois anos…
2. ACEITAÇÃO DA ADVERSIDADE
Como já vimos através da vida de José, a adversidade tem diferentes
facetas.
A primeira parte de sua vida parece ser uma provação após outra,
sem muito alívio; mas José manifesta um otimismo nascido de profunda fé em Deus
e resolve fazer o melhor em cada situação para a glória do Senhor. O mais
interessante é que ele suportou 14 anos de aflições e ainda assim superou
firmemente a derrota e o desencorajamento. As palavras de Tozer parecem bem
apropriadas quando aplicadas à vida de José: É duvidoso que Deus possa usar
grandemente qualquer homem até que Ele o tenha ferido profundamente. A
adversidade foi um dos maiores fatores utilizados para lapidar e preparar José
para as responsabilidades de liderança.
Pelo texto, é difícil saber precisamente como José respondeu a cada
tribulação que surgiu no caminho.
Contudo, o fator controlador
que parece ter permeado sua vida, foi uma crença firme na soberania de Deus.
Vemos isto na clássica declaração que fez ao final da história de sua vida:
Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém, Deus o tornou em bem…
(Gênesis 50.20) Ela ilustra perfeitamente 1 Pedro 2.19-23.
3. COMPREENDENDO OS PROPÓSITOS DE
DEUS PARA A ADVERSIDADE
Deus teve um propósito para cada adversidade enfrentada por José e o tem
para cada crente. Vejamos alguns:
3.1. Chamar Nossa Atenção.
A ti, Senhor, elevo a minha alma.
Deus meu, em ti confio, não seja eu envergonhado, nem, exultem sobre mim os
meus inimigos (Salmo 25.1-2).
3.2. Assegurar-nos Seu Amor.
Porque o Senhor corrige a quem ama, e
açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos
trata como filhos): pois que filho há a quem o pai não corrige? (Hebreus
12.6-7).
3.3. Tornar-nos Humildes.
E, para que não me ensoberbecesse com
a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de
Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte (2 Coríntios 12.7).
3.4. Refinar-nos.
Eis que te acrisolei, mas disso não
resultou prata; provei-te na fornalha da aflição (Isaías 48.10).
3.5. Aumentar Nossa Fé.
Contudo, já em nós mesmos tivemos a
sentença de morte, para que não confiemos em nós, e, sim, no Deus que
ressuscita os mortos (2 Coríntios 1.9).
3.6. Ensinar Obediência Bíblica.
Foi-me bom ter eu passado pela
aflição, para que aprendesse os teus decretos (Salmos 119.71).
3.7. Peneirar Nossas Amizades.
Em todo o tempo ama o amigo, e na
angústia se faz o irmão (Provérbios 17.17).
3.8. Aumentar Nosso Desejo de Conhecê-lo.
Para o conhecer e o
poder da sua ressurreição e a comunhão dos seus sofrimentos… (Filipenses 3.10).
3.9. Lembrar-nos de Nossa Luta Espiritual.
Porque a nossa luta
não é contra o sangue e a carne, e sim, contra os principados e potestades,
contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do
mal, nas regiões celestes (Efésios 6.12).
3.10. Aperfeiçoar, Fortalecer e Fundamentar.
Ora, o Deus de toda
a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido
um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificare fundamentar (1
Pedro 5.10).
3.11. Ensinar-nos Paciência.
E não somente isto, mas também nos
gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz
perseverança (Romanos 5.3).
CONCLUSÃO
É importante entender que há variedades infinitas de adversidades. Deus
pode ter vários propósitos em mente quando permite que as tribulações entrem em
nossa vida. Contudo, o assunto central que devemos compreender é como responder
apropriada e biblicamente aos problemas e tratá-los do modo de Deus a fim de
crescer na semelhança com Cristo e não permitir de maneira nenhuma que Satanás
os utilize para desencorajar-nos e desqualificar-nos para o ministério efetivo.
Adote algumas atitudes para que as adversidades não se tornem uma pedra
de tropeço:
1. DESABAFE COM DEUS.
Confiai nele, ó povo, em todo tempo;
derramai perante ele o vosso coração: Deus é o nosso refúgio (Salmo 62.8).
2. REAFIRME A SOBERANIA DE DEUS.
Vós, na verdade, intentastes o mal
contra mim; porém, Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se
conserve muita gente em vida (Gênesis 50.20).
3. LEIA A PALAVRA DE DEUS.
Enviou-lhes a sua palavra e os sarou,
e os livrou do que lhes era mortal (Salmo 107.20).
4. REVEJA OS PROPÓSITOS DE DEUS NO SOFRIMENTO.
Procure, com
esclarecimento do Espírito, tentar discernir qual o propósito de Deus nesse
problema específico. Mas tome cuidado. Talvez não consiga descobrir o motivo. O
senhor quer que cheguemos ao ponto em que estejamos desejosos de confiar nEle e
até agradecer-lhe por confiar a nós a experiência da adversidade, mesmo que
nunca saibamos o porquê!
5. COMPARTILHE COM UM AMIGO DE CONFIANÇA.
Levai as cargas uns
dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo (Gálatas 6.2).
Que Deus te abençoe!
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