Como Deus poderia abençoar
as parteiras hebréias?
ÊXODO 1:15-21 – Como Deus poderia abençoar as parteiras hebréias,
se elas desobedeciam a autoridade governamental (Faraó), estabelecida por Deus,
e a ela mentiam?
PROBLEMA: A Bíblia declara que “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas” (Rm 1.3:1). A Escritura diz também: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor” (Pv 12:22). Mas o Faraó (rei) do Egito tinha dado uma ordem direta às parteiras hebréias para matarem os meninos hebreus recém-nascidos. “As parteiros, porém, temeram a Deus, e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito, antes deixaram viver os meninos” (Êx 1:17).
As parteiras não apenas
desobedeceram a Faraó como também, quando ele as questionou a respeito de suas
ações, mentiram, dizendo: “É que as mulheres hebréias não são como as egípcias;
são vigorosas, e antes que lhes chegue a parteira já deram à luz os seus
filhos” (Êx 1:19). Apesar disso, Êxodo 1:20 afirma que Deus “fez bem às
parteiras… ele lhes constituiu família”(Êx 1:20-21). Como então Deus pôde
abençoar as parteiras por desobediência e mentira?
SOLUÇÃO: Não há dúvida de
que as parteiras desobedeceram a Faraó, por não matarem os meninos hebreus
recém-nascidos e por mentirem a Faraó com a história de que sempre chegavam
tarde demais para cumprirem as suas ordens. Não obstante, há uma justificativa
moral para o que elas fizeram. Primeiro, o dilema moral em que as parteiras se
achavam era inevitável. Ou elas obedeceriam à lei maior de Deus, ou obedeceriam
à obrigação secundária de se sujeitarem a Faraó. Em lugar de cometerem um
deliberado infanticídio das crianças de seu próprio povo, as parteiras
decidiram desobedecer às ordens de Faraó.
Deus nos ordena que
obedeçamos à autoridade governamental, mas ele nos ordena também que não
assassinemos ninguém (Êx 20:13). A salvação de vidas inocentes é uma obrigação
maior do que a obediência ao governo. Quando o governo nos ordena matar vítimas
inocentes, não devemos obedecer. Deus não considerou as parteiras responsáveis,
nem assim ele nos tratará sempre que a questão for não obedecer a uma obrigação
menor para atender a uma lei maior (cf. At 4; Ap 13). No caso das parteiras, a
lei maior referia-se à preservação da vida dos recém-nascidos.
Segundo, o texto
claramente afirma que Deus as abençoou “porque as parteiras temeram a Deus” (Êx
1:21). E foi o temor que elas tiveram por Deus que as levou a fazer o que quer
que fosse necessário para salvar vidas inocentes. Assim, a falsa desculpa delas
a Faraó foi uma parte essencial do esforço que despenderam para salvar vidas.
Terceiro, a mentira
delas é comparável com sua desobediência a Faraó, para salvar a vida de
recém-nascidos inocentes. Este era um caso em que as parteiras tiveram de optar
entre mentir ou serem compelidas a matar bebês inocentes. Aqui também elas
decidiram obedecer à lei moral maior. A obediência aos pais faz parte da lei
moral (cf. Ef 6:1). Mas se um pai ou uma mãe dá ordens ao filho para assassinar
uma pessoa ou para adorar um ídolo, ele tem de recusar-se a obedecer. Jesus
enfatizou a necessidade de obedecer à lei moral superior quando disse: “Quem
ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10:37).